domingo, 16 de janeiro de 2011

Zé mata-gatos

Alfama,teve nos anos 70,80,e 90,uma figura emblemática,quem por lá viveu ou trabalhou,certamente que    guarda a lembrança do Zé.Josés há muitos,mas o nosso era Zé,mas não simplesmente Zé,herdou do pai uma alcunha,e era essa maldita alcunha que sempre negou carregar.Tinha como se dizia um «atraso»,os mais velhos diziam «mais atrasado, são aqueles que se metem com ele».Era afável e discreto,mas bastava que alguém o chamasse de Zé mata-gatos,e aí o caldo entornava-se,o Zé transformava-se num perigoso atirador de pedras,que carregava nos bolsos das calças ou do casaco,e que seguiam geralmente direcção errada,       assim logo que nas vielas escutava-se a provocação,havia que procurar lugar seguro,onde geralmente o provocador já se encontrava,as pedras eram projectadas sem rumo acabando por provocar pânico naqueles que não lhe conheciam os acessos de fúria,imagine-se a rua de S.Pedro há trinta anos atrás,um pleno mercado,cheia de gente e de repente soava a provocação,era cada um a cuidar de si,não foram poucos os turistas surpreendidos,é que os ataques de fúria do Zé não constavam dos roteiros turísticos.                       Adoptado pelas varinas,que facilmente o tiravam do sério e das quais se queixava pelas poucas moedas que lhe davam em troca de recados,o Zé não tinha vida fácil,não bastava a alcunha que tinha herdado,como ganhava outras,teve mais heterónimos que Pessoa,logo que alguma personagem das telenovelas brasileiras se evidenciasse,logo o Zé era «baptizado»,assim foi: Nacib,Zeca Diabo,Zé das Medalhas,Cácá,Sinhozinho  Malta,Roque Santeiro,entre outros.Para quem queria ser simplesmente Zé, muita pedra atirou.

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